Fonte: www.veja.abril.com.br
Cinema
A Rede Social fatura mais um prêmio da crítica nos EUA
O filme A Rede Social, centrado na história do criador do Facebook, foi agraciado neste domingo com o prêmio de melhor filme em votação da Sociedade Nacional de Críticos de Cinema dos Estados Unidos.
Desta forma, a produção protagonizada por Jesse Eisenberg, Andrew Garfield e Justin Timberlake se confirma como uma das principais candidatas rumo aos principais prêmios do circuito nos EUA, inclusive o Oscar.
A produção, que narra a história do bilionário mais jovem da história, o criador da rede social Facebook, Mark Zuckerberg, ganhou também os prêmios de melhor diretor, para David Fincher, e melhor roteiro, para Aaron Sorkin. Eisenberg foi eleito melhor ator por sua interpretação de Zuckerberg.
Giovanna Mezzogiorno foi eleita a melhor atriz por seu papel como amante de Mussolini no longa italiano Vincere. Os prêmios de críticos são importantes indicadores antes do anúncio dos indicados aos Oscar pelos integrantes da Academia de Hollywood. O Oscar desse ano será entregue no último domingo de fevereiro.
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Entrevista: Ben Mezrich
Autor do livro que originou o filme 'A Rede Social', escritor americano diz que site se tornará o maior endereço eletrônico do planeta
'O Facebook vai superar o Google', diz 'biógrafo' da rede
Aos 41 anos, o escritor americano Ben Mezrich é considerado um dos maiores desafetos de Mark Zuckerberg, a grande mente por trás do Facebook - a mais numerosa e bem-sucedida rede social do planeta, com 500 milhões de usuários. Mezrich conquistou a antipatia de Zuckerberg ao reconstituir a história dos bastidores da criação do site e dar a ela o título deBilionários por Acaso: A Criação do Facebook, Uma História de Sexo, Dinheiro, Genialidade e Traição. A história virou livro (Intrínseca, 232 páginas, 29,90 reais), e o livro, filme: A Rede Social, que estreia nos cinemas brasileiros na proxima sexta-feira. Ciente de que a história que emergiria das páginas do livro não era a que ele esperava, Zuckerberg não cedeu sequer um minuto ao "biógrafo" do Facebook. Isso, contudo, não impede Mezrich de reconhecer a genialidade do criador e da criatura. "Mark tem elementos de Bill Gates e Steve Jobs. E também é único", diz o escritor, a respeito do criador. E profetiza acerca da criatura: "O Facebook será maior do que o Google". Confira a seguir a entrevista que Mezrich concedeu ao site de VEJA.
Como surgiu a idéia de escrever um livro sobre o Facebook?
Um estudante da universidade de Harvard me enviou um e-mail dizendo que seu amigo era de fato o cofundador do Facebook. Mas ninguém o conhecia. Marquei diversos encontros e fui apresentado ao brasileiro Eduardo Saverin. Também estudante da instituição, ele relatou sua história, repleta de drama, e com boas chances de virar um livro. Foi minha primeira fonte. Demorei aproximadamente um ano para concluí-lo.
Quantas conversas você manteve com Saverin?
Ao todo, passei seis meses falando com Eduardo. Ele veio falar comigo por ser fã de um livro meu, Bringing Down the House, e, durante nosso bate-papo, percebi que era uma pessoa séria. Gostei bastante de conhecê-lo.
Em Harvard, o sexo é sinônimo de recompensa?
Em qualquer faculdade, o sexo e a criação de laços sociais são aspectos cruciais da vida. É neste espaço que você constrói sua vida social e profissional.
Então, podemos dizer que o Facebook começa, aparentemente, incentivado pelo desejo de fazer sexo?
Por se tratar de pessoas socialmente desajeitadas e que tiveram dificuldades de conversar com garotas, criar uma rede social permite maior sociabilidade. Portanto, é um modelo que é incentivado pelo sexo.
O que faz o Facebook ser tão grande?
Facebook é uma rede social perfeita. Aos cadastrados, fica a sensação de que a vida off-line foi toda transferida ao mundo virtual construído no site. Além disso, o espaço foi criado como algo bem exclusivo, direcionado anteriormente apenas aos estudantes de Harvard. Uma vez aberto ao grande público, todas as pessoas conectadas queriam fazer parte.
Por que Zuckerberg não concedeu nenhuma entrevista para o livro?
Passei um ano tentando agendar a entrevista. Foi um fracasso. Não obtive resposta. Mark já sabia que não poderia pautar ou controlar o que eu iria escrever. Ele já sabia, é claro, que eu conversara com pessoas que se sentiam traídas por ele. E ele simplesmente não quis mostrar seu ponto de vista.
Qual a sua opinião sobre o livro O Efeito do Facebook, de David Kirkpatrick?
David é um bom jornalista, mas escreveu um livro com total colaboração de Mark Zuckerberg. É apenas a história do fundador do Facebook e nada mais. Ele conta uma história bonita da empresa, mas sem falar com Eduardo ou os gêmeos Winklevoss (ex-estudantes de Harvard que alegavam que Zuckerberg roubara deles a ideia do Facebook. Na Justiça, os gêmeos ganharam a causa e 65 milhões de dólares), por exemplo. É uma abordagem subjetiva e sem nenhum detalhe que Mark não aceitasse. Uma pena, pois perde-se uma chance de contar a principal história sobre a fundação de um gigante da web.
Em entrevista a VEJA, David Kirkpatrick disse que Zuckerberg é o novo Bill Gates. Você concorda?
Mark tem elementos de Bill Gates e Steve Jobs. E também é único.
Você assistiu ao filme A Rede Social?
O filme conta detalhes do livro e é realmente fantástico. Cada cena da obra está presente noBilionários por Acaso. Foi um ótimo trabalho de adaptação.
Zuckerberg é realmente um bilionário por acidente?
Mark nunca se preocupou com dinheiro – e era ingênuo. Apesar de ser um dos homens mais ricos do mundo, segue com a mesma vida. Ele conseguiu provar o que pode fazer e sempre foi uma pessoa muito fria. Mas de volta à sua pergunta: sim, ele é um bilionário por acidente. Não se esperava o crescimento tão vertiginoso de sua empresa.
Qual é o futuro do Facebook?
Facebook será o maior site do mundo, superior ao próprio Google. E tem boas chances de valer 100 bilhões de dólares um dia.
Redes sociais
'The Social Network', o filme do Facebook, não é só para fãs: ele conta uma história atual e relevanteEm tempos em que Hollywood busca, desesperadamente, faturamento garantido com continuações infindáveis e adaptações ilógicas de jogos como Batalha Naval e Banco Imobiliário, pensar no "filme do Facebook" pode parecer apenas mais uma peça maluca nessa equação sem pé nem cabeça. Mas The Social Network surpreende ao contar uma história atual e relevante, cujo final, real ou embalado na ficção, faz parte do dia a dia de mais de 500 milhões de pessoas no mundo todo. Sob a direção de David Fincher e roteiro de Aaron Sorkin, o longa-metragem é dramático, inteligente e divertido sem ser piegas ou óbvio.
Nomes como de Mark Zuckerberg, Eduardo Saverin ou Sean Parker podem não significar muito para quem usa computadores de maneira casual, mas é bom avisar que eles representam as maiores invenções da internet nos últimos quinze anos. Zuckerberg e Saverin criaram o Facebook e ditaram os rumos das redes sociais, enquanto estudavam em Harvard; e Parker causou tumulto no mundo da música com a rede de troca de arquivos Napster.
As histórias desses três se cruzam em The Social Network, que coloca o espectador em contato direto com uma versão fantasiosa, porém extremamente atraente, da ideia nascida numa noite de bebedeira num dormitório universitário. Incluindo as intensas batalhas judiciais travadas por Zuckerberg por direitos autorais e controle acionário da empresa, que, hoje, vale mais de 25 bilhões de dólares.
Stephen Frears, diretor de A Rainha, costuma dizer que escalar o elenco certo é a melhor decisão que o diretor pode tomar. "Com um elenco bom, você não tem muito trabalho e não precisa se preocupar; já com o errado, vai ser um inferno e a culpa é sua", diz o diretor ao site de VEJA. David Fincher parece concordar com Frears, pois cada escolha foi impecável, a começar pelo espetáculo dado pela dupla Jess Eisenberg, que atravessa sua juventude profissional sem precisar apelar para comédias fúteis, e Andrew Garfield, com pouco destaque em O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus, mas aclamado por Never Let Me Down, e que vai ser o próximo Homem-Aranha. Justin Timberlake chega tarde na narrativa, mas a influencia diretamente, assim como seu personagem, Parker. Eles são instrumentos numa dura e impactante análise das aspirações do ser tecnológico moderno.
"O que queremos?", pergunta Zuckerberg. "Mulheres", responde Saverin. Mas acima de tudo, é preciso saber da vida alheia, além de encontrar modos de expor opiniões e, portanto, buscar relevância. É outro aspecto do desejo de fama pela fama; menos direto, mas igualmente relevante. Da mesma forma que o Facebook aposta em seu alto nível viciante e na dependência de seus usuários, o roteiro de Sorkin se apoia nos meandros dessa brincadeira milionária para prender a atenção sempre com novidades e novas facetas do que pode, ou não, ter acontecido nos primeiros anos da operação.
O autor não fornece respostas, apenas posiciona perguntas e faz sugestões. Não há dicotomia nessa dinâmica, pois existem tantos pontos de vista, que apoiar Zuckerberg é tão plausível quanto se alinhar a Saverin, suplantado pela chegada de Parker. Todos têm sua participação na criação desse empreendimento, assim como todos compartilham da culpa pelo desfecho regado a acordos milionários. Entretanto presenciar Zuckerberg ser vítima da mesma fama que manuseou habilmente para construir sua fortuna de forma quase infantil, permite ao espectador pensar em como se comportaria em seu lugar. Todo ser humano tem ídolos, inclusive os próprios ídolos. Zuckerberg se viu tentado e falhou ao reconhecer a verdadeira amizade, mas, no fim das contas, conseguiu tudo o que queria de todos os envolvidos. Se ele errou, também erraram todos os empreendedores dos últimos cem anos ou mesmo uma influência mais recente, e direta: Bill Gates.
Mesmo sem considerar os potenciais 500 milhões de usuários atingidos pela campanha de marketing, The Social Network abre um precedente fundamental para a investigação da atual estrutura social. Histórias como a de Mark Zuckerberg reforçam o abalado sonho americano, que fundamentalmente depende da mente empreendedora, bem-sucedida pela engenhosidade e empenho. Desde a dobradinha Bill Gates e Steve Jobs não havia surgido um negócio forte o bastante para relembrar a geração atual de que ser milionário, ou famoso, ou as duas coisas, ainda é possível sem sair da frente do computador. Zuckerberg e Saverin são heróis modernos. Modelos. Pessoas normais capazes de inspirar milhões de ideias e indivíduos, ou seja, trajetórias facilmente relacionáveis e acessíveis a qualquer aspirante ao sucesso.
Sua história não terminou e Sorkin se aproveitou disso ao escrever um filme que não desacelera, que não avisa que vai terminar e que, facilmente, poderia ter mais uma ou duas horas – o espectador não notaria ou reclamaria. O público quer viver aquela vida, quer se alimentar daquele exemplo. Quer acreditar que o sonho é possível e que, acima de tudo, sua vez pode chegar. George Lucas precisou buscar inspiração em Joseph Campbell para causar esse efeito na década de 1970. David Fincher precisou apenas olhar para a internet para se inspirar. É o poder das redes sociais extrapolando a rede e direcionando a vida real.
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